Megadeth – Th1rt3en

Outubro 23, 2011

Após ‘Endgame’, aquele que foi possivelmente o melhor lançamento dos Megadeth desde o lendário ‘Rust in Peace’, o colectivo liderado por Dave Mustaine chega a 2011 com o seu décimo terceiro álbum de originais.

Chama-se ‘Th1rt3en’, e é marcado pelo regresso do baixista Dave Ellefson (nem por isso, mas já lá vamos).

Já se percebeu que o número escolhido pela banda é o 13, ora: nome do álbum, décimo terceiro álbum, 13 faixas, e a última chama-se ’13’.

Mas será o número mais apropriado? Sendo que o 13 representa a sorte, acaba por escapar um bocado ao conteúdo do álbum, que assume uma fórmula monótona, de riffs e solos completamente reciclados de lançamentos anteriores, em que o único arranjo que levaram foi uma nota a mais ou a menos para “não se reparar”. Para mais, Dave Mustaine insiste em premiar-nos com mais do mesmo (ouça-se o refrão de ‘Guns, Drugs & Money’, que repete-se e repete-se…) e a estrutura de ‘Public Enemy no. 1’ esclarece-nos ainda mais quanto ao marasmo em que os Megadeth mergulharam.

Existem momentos interessantes, mas nada que se relembre, à excepção do refrão da já falada segunda faixa, que apesar de ter uma estrutura para lá de repetitiva, tem uns solos e um refrão que sempre ficam na cabeça. ‘Wrecker’ e ‘Black Swan’ também são músicas que conseguem mostrar sempre uma dosezita de interesse, mas como dito, nada que com uma audição a quase qualquer álbum de Thrash, não desapareça. Juntando ainda, se Dave Ellefson voltou à banda, neste álbum torna-se indiferente, pois não existe nada, mas mesmo nada que dê a entender que o veterano está de volta à banda.

Não é um álbum nada difícil de superar. Aliás, este álbum não apresenta nada de inovador, o que nem sempre é mau. Mau é juntar isso a uma fórmula completamente batida, sem um pingo de interesse, e que não consegue entrar sequer para um Top 100 dos lançamentos do ano do género. Bandas como os Onslaught, Anthrax, e os jovens (e prometedores!) Havok é que bem podem dar uma lição a Mustaine, de como se faz bom Thrash, ou pelo menos curá-lo do Alzheimer musical que contraiu neste ‘Th1rt3en’, que olhando bem para as coisas, juntando o marasmo em que se puseram, se devia chamar de ’31’. Meu rico Endgame. É quase crime comparar um lançamento a outro, e só de ver que são dois anos que separam ambos os lançamentos, é algo quase injusto. E incomparável. Senhor Mustaine, esperamos muito (mas mesmo muito) melhor da próxima.

[4.6/10]

Há dias em que a agressividade é vista como uma salvação para… “problemas” (?)

Diga-se que não são bem problemas, mas imaginem-se num dia de trabalho, finalizado, com mais um stress qualquer no caminho para casa, por exemplo.

São as alturas em que é preciso ouvir algo bruto, cru, e sem vergonha… nem que seja para ter uma meia hora fora desta rotina monótona e sentirmo-nos varridos por uma dose de devastação sonora.

É o que temos aqui. Os Trap Them são uma banda americana formada há dez anos em Seattle, e lançam em 2011 o seu terceiro longa duração.

Em ‘Darker Handcraft’ temos, simplesmente, meia hora de uma descarga completamente sem vergonha, num Crust Punk embebido no Death n’ Roll protagonizado pelos Entombed. Uma fórmula simples, eficaz, com uma guitarra mais ‘Metalizada’ a fazer contraste com os gritos completamente apunkalhados de Ryan McKenney. A sonoridade neste álbum acaba por mergulhar numa atitude mais catchy (digam lá que aquele “I am that goddamn son of a bitch!” em ‘The Facts’ não vos ficou na cabeça!).

Olhando para a “curta” carreira dos Trap Them, é correcto dizer-se que este álbum é o benefício da dúvida a quem tinha ficado com dúvidas do potencial destes senhores nos trabalhos anteriores. Poderoso, sólido, frontal, sem vergonha. Como se quer!

[9.2/10]

YOB – Catharsis

Outubro 8, 2011

Uma das bandas mais injustiçadas da actualidade são os YOB. Praticantes de um Stoner/Doom daquele bem lento a puxar mesmo para o Drone, possuem um catálogo de seis álbuns (tendo sido o último, lançado neste ano de 2011).

Injustiçados pela simples razão de não serem tão falados quanto merecem. São uma das bandas mais fantásticas da actualidade. A sua música lenta, quase indescritível, transporta o ouvinte para um lugar desconhecido, sem nada à volta, mas onde existem várias sensações. O que o ouvinte tem na cabeça, é só algo desenhado pelas guitarras que existem em todos os álbuns do colectivo norte-americano. O que existe nos YOB é uma experiência em que palavras não chegam para descrever quais são as sensações sentidas ao embarcarmos numa trip destas.

Hoje apresento o álbum com menos faixas deles (três), intitulado de ‘Catharsis’. Remonta de 2003.

Uma das reviews mais difíceis de escrever, é esta, pela razão que já mencionei em cima. No entanto, a vontade de partilhar a minha apreciação por este trabalho é tão grande, que me vou meter nisto de tentar descrever em simples palavras um álbum dos YOB.

Para os que não conhecem a banda, ficam aqui três aspectos que no máximo, dão um cheirinho do que faz este grupo:

– Guitarra e baixo graves, leeeentos e com riffs completamente arrastadores;

– Um trabalho de bateria que em nada compromete o fantástico trabalho desempenhado pelas cordas.

– Uma voz que faz lembrar um cantor utilizador de registo nasal, sob efeito de drogas pesadas, com a voz a ser ecoada como se estivéssemos a ouvir algo vindo das paredes.

O que existe aqui, resumindo em poucas palavras é: Stoner e Doom. A faixa do meio, ‘Ether’, apresenta uma estrutura que faz lembrar os primórdios dos Black Sabbath.

Já a última peça, ‘Catharsis’, brinda-nos com vinte e três minutos de pura trip. Uma introdução de três minutos com o baixo a ecoar pelo tal espaço vazio para onde os YOB nos levam, lugar onde nada existe, mas em que tudo existe. Como se estivessem ás voltas no turbilhão que se dá nestes últimos vinte minutos.

O final, é repentino. Como se acordassem de repente, no lugar onde puseram este álbum a rodar. Que tudo foi uma viagem ao vazio, em que bastou a essência musical dos YOB para vos preencher isso.

Aí, a escolha é vossa: Será que param e pensam que o mundo foi-vos retirado de órbita enquanto este disco vos sugava para um lugar sem comparação possível? Ou será que deixam isso para outra altura e decidem logo embarcar de novo nesta viagem?

Quatro anos, três álbuns. Os Evile não páram, e mesmo passando por momentos mais complicados na sua carreira, nunca baixam os braços.

Podia já dizer o resultado, mas vamos com calma.

É sempre um grande impacto quando se perde um membro, e a causa disso é… a morte desse mesmo membro. Em 2009, os Evile viram partir Mike Alexander, que morreu em tour com um edema pulmonar.

A banda continuou, e em finais de Setembro deste ano lançou aquele que é o melhor álbum que fizeram até à data.

Se ‘Enter The Grave’ transpirava Slayer, e ‘Infected Nation’ suava Annihilator, a banda de Matt Drake escolheu os Metallica como principal influência neste ‘Five Serpent’s Teeth’

Não é novidade para ninguém que, se há género com um revivalismo mais que saturado, esse género é o Thrash Metal. No entanto, os Evile são uma das, senão a banda mais marcante desta nova vaga, e isso basta para que se desperte certa curiosidade em ver qual é a investida dos thrashers britânicos desta vez.

Basta soarem os primeiros acordes de ‘Five Serpent’s Teeth’ para notarmos que vem aí Thrash, puro, sem conservantes. E assim se vai prolongando até à “pausa”, de nome ‘In Memoriam’ (já lá vamos).

Vamo-nos deparando com momentos menos agitados, momentos esses que curiosamente ainda acrescentam essência a este opus.

Desde a variedade de velocidades de músicas como ‘Xaraya’ e ‘Eternal Empire’, à simplicidade e honestidade mostrada em ‘Cult’, que segue uma estrutura simples e catchy, que assenta no álbum que nem uma luva.

Mais para a frente temos a tal ‘In Memoriam’, em homenagem a Mike Alexander. Uma música que lembra muito faixas como ‘Fade to Black’ e ‘One’. No entanto, a (ainda mais) forte influência de Metallica não compromete em nada a qualidade desta faixa. Está um momento mais profundo, escurecido e sentimental. Mais um ponto positivo neste álbum.

Não tentem separar as músicas por “momentos mais thrashys” e por “momentos mais parados”, porque este álbum é o que é, devido ao facto dos Evile terem tomates para mostrarem que o Thrash não se baseia só no speed, e para calar os puristas, basta atirarem-lhes com músicas como ‘Xaraya’ e ‘Cult’, por exemplo.

Mais para o fim, temos a antémica ‘Long Live New Flesh’, que termina o álbum em grande, tal como pode ser usada como música de encerramento de um concerto. É só imaginarem aquele verso do título da música cantada em uníssono.

Os Evile estão aqui, não para reviverem o Thrash dos anos 80, mas sim para criarem a nova vaga, que é aquilo que grande parte das bandas do género actuais se esquecem de fazer.

Sim, soa a Metallica, e tal… mas sejam lá realistas. Ter influências e meter lá o seu cunho pessoal, é diferente de fazer música a seguir a 100% essas tais influências.

Para já, o álbum de Thrash Metal do ano, por todas as razões cá referidas. O Thrash não é só velocidade a 220 bpm’s.

 

[8.7/10]