Venom – Fallen Angels

Dezembro 31, 2011


Isto das bandas imortais torna-se algo preocupante nos dias que correm. Nos dias que correm porquê? Bem… todos nós temos, embora possamos não apreciar, um grande respeito pelo Kill em’ All, pelo Altars of Madness, ou pelo At War With Satan.

Escusado será dizer a importância destes álbuns… o que se torna lamentável é olharmos para os mesmos nomes que lançaram essas peças e olhar para eles actualmente… Os Metallica já se sabe. Os Morbid Angel decidiram atirar-se logo de cabeça com o ‘Illud Divinum Insanus’, e os Venom… bem… os Venom lançaram no final de Novembro… isto. E porquê ‘isto’?

Se os Metallica têm a história que têm, os Venom têm vindo a escrever de uma forma mais discreta, uma história semelhante a essa. Provas? Bem… ‘Fallen Angels’ é um álbum que revisita os tempos de ‘Welcome To Hell’ e de ‘Black Metal’, mas na prática, nada de interessante traz.

Comece-se pela faixa de abertura, ‘Hammerhead’, cujo ritmo até puxa um bocado pela cabeça. E é nisto que vemos que existe Venom aqui: O baixo ‘bulldozer’ de Cronos, à-lá Motörhead, a NWOBHM praticada pelo colectivo de Newcastle desde 1981…

Portanto, temos tudo para que seja um álbum… “bom”, certo?
Errado. O que falta aqui, além de originalidade, é a incapacidade que os Venom foram ganhando ao longo dos anos de fazer algo revolucionário. Não que ‘Metal Black’ e ‘Ressurection’ sejam ‘revolucionários’, mas se os formos a ouvir, até são algo agradável de se ouvir. Já com este 13º álbum, nota-se que falta aqui… originalidade.

Além da originalidade, falta sal em ‘Fallen Angels’, e ficamos com a sensação que há aqui muita coisa que podia ser (bem) mudada… porque de certa forma até temos qualidade aqui (ouça-se ‘Sin’ ou ‘Death Be Thy Name’).

Acrescente-se o número de faixas que faz este disco, que são 15. E quando o número de faixas é de um número destes, ou temos algo que é realmente muito bom, ou temos uma descarga de riffs reciclados e sem interesse nenhum, mudados ligeiramente de música em música. E em suma, é ao que este ‘Fallen Angels’ se resume. Uma ou outra coisa interessante por aí… há (poucas) músicas que pelo seu todo são interessantes, mas para quinze faixas, onde mais de metade se enquadram no desinteressante, traduz-se aqui o que aconteceu com os Megadeth, por exemplo com o ‘Thirt3en’.

‘Lay down your soul to the gods rock n’ roll!’ – Imortal, mas algo assim, já é sem dúvida, algo que não é mais do que viver do passado. Bons tempos…

[6.1/10]

Lançado no ano passado, esta é a mais recente proposta de um dos maiores nomes nacionais de peso.

Diga-se que já os lançamentos anteriores revelavam o potencial da sonoridade que os MTAT têm vindo a desenvolver, mas se existe o chamado benefício da dúvida, este é-nos dado neste ‘Vol 4: Make Friends And Enemies’.

O que encontramos neste segundo longa-duração é um post-hardcore com uma sensibilidade pop que tanto caracteriza o colectivo de Setúbal. Este álbum caracteriza-se por vários factores, sendo um deles o facto da banda beber de variadas influências, que vão desde a agressividade do thrash alemão, aos licks tipicamente suecos, especificamente, típicos do Melodic Death de Gotemburgo.

A abrir temos ‘It’s Alive (How I Made a Monster), e se me permitem uma opinião, é a melhor faixa de abertura que já ouvi num álbum de metalcore (Isto naquela de arranjar um nome mais fácil para descrever um bocado do que aqui se encontra); agressividade do início ao fim, que não é comprometida pelo refrão viciante marcado pelo jeito que o Vasco Ramos tem para fazer refrões daqueles que levam o ouvinte a cantarolá-los por vezes sem se aperceber que está mesmo a fazer isso.

Tanto encontramos uma emocional ‘Roadsick’, como achamos uma introdução simplesmente estrondosa, bem thrashy em ‘I Will Always Let You Down’. No meio disso, encontramos uma ‘Black Hearts’ que dá espaço a um solo, com aquele refrão que (positivamente) nos perturba por ficar bem entranhado na cabeça. No final, em ‘A Sharp Tongue Can Cut Your Own Throat’ encontramos a referida guitarrada sueca, com uma surpresa no final desta mesma faixa.

Nisto, pode-se dizer que a banda setubalense tempera as suas músicas com açúcar q.b, mantendo-as bem doces. A juntar a isto, uma sonoridade e produção bem musculadas, com a propriedade de não ser tão enjoativo relativamente aos normalíssimos lançamentos de Metalcore que vão dando. Há excepções, e mais engraçado ainda é que os MTAT pratiquem a típica fórmula agressividade + melodia + refrões que se colam (e bem, como já disse), sem tocarem sequer no marasmo que o género tem vindo a sofrer. Enquanto há excepções, nós agradecemos, e aquele sentimento da banda ser nacional também acrescentam um bocado de nostalgia à coisa, não é?!

[9.3/10]

 

Megadeth – Th1rt3en

Outubro 23, 2011

Após ‘Endgame’, aquele que foi possivelmente o melhor lançamento dos Megadeth desde o lendário ‘Rust in Peace’, o colectivo liderado por Dave Mustaine chega a 2011 com o seu décimo terceiro álbum de originais.

Chama-se ‘Th1rt3en’, e é marcado pelo regresso do baixista Dave Ellefson (nem por isso, mas já lá vamos).

Já se percebeu que o número escolhido pela banda é o 13, ora: nome do álbum, décimo terceiro álbum, 13 faixas, e a última chama-se ’13’.

Mas será o número mais apropriado? Sendo que o 13 representa a sorte, acaba por escapar um bocado ao conteúdo do álbum, que assume uma fórmula monótona, de riffs e solos completamente reciclados de lançamentos anteriores, em que o único arranjo que levaram foi uma nota a mais ou a menos para “não se reparar”. Para mais, Dave Mustaine insiste em premiar-nos com mais do mesmo (ouça-se o refrão de ‘Guns, Drugs & Money’, que repete-se e repete-se…) e a estrutura de ‘Public Enemy no. 1’ esclarece-nos ainda mais quanto ao marasmo em que os Megadeth mergulharam.

Existem momentos interessantes, mas nada que se relembre, à excepção do refrão da já falada segunda faixa, que apesar de ter uma estrutura para lá de repetitiva, tem uns solos e um refrão que sempre ficam na cabeça. ‘Wrecker’ e ‘Black Swan’ também são músicas que conseguem mostrar sempre uma dosezita de interesse, mas como dito, nada que com uma audição a quase qualquer álbum de Thrash, não desapareça. Juntando ainda, se Dave Ellefson voltou à banda, neste álbum torna-se indiferente, pois não existe nada, mas mesmo nada que dê a entender que o veterano está de volta à banda.

Não é um álbum nada difícil de superar. Aliás, este álbum não apresenta nada de inovador, o que nem sempre é mau. Mau é juntar isso a uma fórmula completamente batida, sem um pingo de interesse, e que não consegue entrar sequer para um Top 100 dos lançamentos do ano do género. Bandas como os Onslaught, Anthrax, e os jovens (e prometedores!) Havok é que bem podem dar uma lição a Mustaine, de como se faz bom Thrash, ou pelo menos curá-lo do Alzheimer musical que contraiu neste ‘Th1rt3en’, que olhando bem para as coisas, juntando o marasmo em que se puseram, se devia chamar de ’31’. Meu rico Endgame. É quase crime comparar um lançamento a outro, e só de ver que são dois anos que separam ambos os lançamentos, é algo quase injusto. E incomparável. Senhor Mustaine, esperamos muito (mas mesmo muito) melhor da próxima.

[4.6/10]

Há dias em que a agressividade é vista como uma salvação para… “problemas” (?)

Diga-se que não são bem problemas, mas imaginem-se num dia de trabalho, finalizado, com mais um stress qualquer no caminho para casa, por exemplo.

São as alturas em que é preciso ouvir algo bruto, cru, e sem vergonha… nem que seja para ter uma meia hora fora desta rotina monótona e sentirmo-nos varridos por uma dose de devastação sonora.

É o que temos aqui. Os Trap Them são uma banda americana formada há dez anos em Seattle, e lançam em 2011 o seu terceiro longa duração.

Em ‘Darker Handcraft’ temos, simplesmente, meia hora de uma descarga completamente sem vergonha, num Crust Punk embebido no Death n’ Roll protagonizado pelos Entombed. Uma fórmula simples, eficaz, com uma guitarra mais ‘Metalizada’ a fazer contraste com os gritos completamente apunkalhados de Ryan McKenney. A sonoridade neste álbum acaba por mergulhar numa atitude mais catchy (digam lá que aquele “I am that goddamn son of a bitch!” em ‘The Facts’ não vos ficou na cabeça!).

Olhando para a “curta” carreira dos Trap Them, é correcto dizer-se que este álbum é o benefício da dúvida a quem tinha ficado com dúvidas do potencial destes senhores nos trabalhos anteriores. Poderoso, sólido, frontal, sem vergonha. Como se quer!

[9.2/10]

YOB – Catharsis

Outubro 8, 2011

Uma das bandas mais injustiçadas da actualidade são os YOB. Praticantes de um Stoner/Doom daquele bem lento a puxar mesmo para o Drone, possuem um catálogo de seis álbuns (tendo sido o último, lançado neste ano de 2011).

Injustiçados pela simples razão de não serem tão falados quanto merecem. São uma das bandas mais fantásticas da actualidade. A sua música lenta, quase indescritível, transporta o ouvinte para um lugar desconhecido, sem nada à volta, mas onde existem várias sensações. O que o ouvinte tem na cabeça, é só algo desenhado pelas guitarras que existem em todos os álbuns do colectivo norte-americano. O que existe nos YOB é uma experiência em que palavras não chegam para descrever quais são as sensações sentidas ao embarcarmos numa trip destas.

Hoje apresento o álbum com menos faixas deles (três), intitulado de ‘Catharsis’. Remonta de 2003.

Uma das reviews mais difíceis de escrever, é esta, pela razão que já mencionei em cima. No entanto, a vontade de partilhar a minha apreciação por este trabalho é tão grande, que me vou meter nisto de tentar descrever em simples palavras um álbum dos YOB.

Para os que não conhecem a banda, ficam aqui três aspectos que no máximo, dão um cheirinho do que faz este grupo:

– Guitarra e baixo graves, leeeentos e com riffs completamente arrastadores;

– Um trabalho de bateria que em nada compromete o fantástico trabalho desempenhado pelas cordas.

– Uma voz que faz lembrar um cantor utilizador de registo nasal, sob efeito de drogas pesadas, com a voz a ser ecoada como se estivéssemos a ouvir algo vindo das paredes.

O que existe aqui, resumindo em poucas palavras é: Stoner e Doom. A faixa do meio, ‘Ether’, apresenta uma estrutura que faz lembrar os primórdios dos Black Sabbath.

Já a última peça, ‘Catharsis’, brinda-nos com vinte e três minutos de pura trip. Uma introdução de três minutos com o baixo a ecoar pelo tal espaço vazio para onde os YOB nos levam, lugar onde nada existe, mas em que tudo existe. Como se estivessem ás voltas no turbilhão que se dá nestes últimos vinte minutos.

O final, é repentino. Como se acordassem de repente, no lugar onde puseram este álbum a rodar. Que tudo foi uma viagem ao vazio, em que bastou a essência musical dos YOB para vos preencher isso.

Aí, a escolha é vossa: Será que param e pensam que o mundo foi-vos retirado de órbita enquanto este disco vos sugava para um lugar sem comparação possível? Ou será que deixam isso para outra altura e decidem logo embarcar de novo nesta viagem?

Quatro anos, três álbuns. Os Evile não páram, e mesmo passando por momentos mais complicados na sua carreira, nunca baixam os braços.

Podia já dizer o resultado, mas vamos com calma.

É sempre um grande impacto quando se perde um membro, e a causa disso é… a morte desse mesmo membro. Em 2009, os Evile viram partir Mike Alexander, que morreu em tour com um edema pulmonar.

A banda continuou, e em finais de Setembro deste ano lançou aquele que é o melhor álbum que fizeram até à data.

Se ‘Enter The Grave’ transpirava Slayer, e ‘Infected Nation’ suava Annihilator, a banda de Matt Drake escolheu os Metallica como principal influência neste ‘Five Serpent’s Teeth’

Não é novidade para ninguém que, se há género com um revivalismo mais que saturado, esse género é o Thrash Metal. No entanto, os Evile são uma das, senão a banda mais marcante desta nova vaga, e isso basta para que se desperte certa curiosidade em ver qual é a investida dos thrashers britânicos desta vez.

Basta soarem os primeiros acordes de ‘Five Serpent’s Teeth’ para notarmos que vem aí Thrash, puro, sem conservantes. E assim se vai prolongando até à “pausa”, de nome ‘In Memoriam’ (já lá vamos).

Vamo-nos deparando com momentos menos agitados, momentos esses que curiosamente ainda acrescentam essência a este opus.

Desde a variedade de velocidades de músicas como ‘Xaraya’ e ‘Eternal Empire’, à simplicidade e honestidade mostrada em ‘Cult’, que segue uma estrutura simples e catchy, que assenta no álbum que nem uma luva.

Mais para a frente temos a tal ‘In Memoriam’, em homenagem a Mike Alexander. Uma música que lembra muito faixas como ‘Fade to Black’ e ‘One’. No entanto, a (ainda mais) forte influência de Metallica não compromete em nada a qualidade desta faixa. Está um momento mais profundo, escurecido e sentimental. Mais um ponto positivo neste álbum.

Não tentem separar as músicas por “momentos mais thrashys” e por “momentos mais parados”, porque este álbum é o que é, devido ao facto dos Evile terem tomates para mostrarem que o Thrash não se baseia só no speed, e para calar os puristas, basta atirarem-lhes com músicas como ‘Xaraya’ e ‘Cult’, por exemplo.

Mais para o fim, temos a antémica ‘Long Live New Flesh’, que termina o álbum em grande, tal como pode ser usada como música de encerramento de um concerto. É só imaginarem aquele verso do título da música cantada em uníssono.

Os Evile estão aqui, não para reviverem o Thrash dos anos 80, mas sim para criarem a nova vaga, que é aquilo que grande parte das bandas do género actuais se esquecem de fazer.

Sim, soa a Metallica, e tal… mas sejam lá realistas. Ter influências e meter lá o seu cunho pessoal, é diferente de fazer música a seguir a 100% essas tais influências.

Para já, o álbum de Thrash Metal do ano, por todas as razões cá referidas. O Thrash não é só velocidade a 220 bpm’s.

 

[8.7/10]

Mastodon – The Hunter

Setembro 19, 2011

Mastodon – uma palavra elementar em qualquer apreciador de música pesada. Não por agradar a todos (porque é falso), mas por ser uma banda que escapa a rótulos, e quando é apanhada pelos tais, não facilita a tarefa a quem os atribui. Um género único que a banda tem vindo a praticar desde ‘Remission’, de 2002.

Ora, estamos em 2011, com os Mastodon a anunciarem o seu quinto longa-duração de originais, com três singles de avanço, cada um desses singles com a sua marca. ‘Black Tongue’ lembra os tempos de ‘Leviathan’, enquanto ‘Spectrelight’ remonta para 2006 (Blood Mountain)… e ainda temos ‘Curl of the Burl’, uma faixa a apontar mais para… a Pop!

Ora, o álbum tem treze músicas. Cada uma delas com a sua imagem de marca.

Exemplo disso, ‘Blasteroid’, que apresenta uns Mastodon que entram por um lado mais agressivo. Uma música rápida, breve e bem directa. Provavelmente a mais ‘in your face’ do álbum.

Encontramos ambientes mais ‘espaciais’ a relembrarem ‘Crack The Skye’, o mítico álbum de 2009; ‘Stargasm’ apresenta texturas a lembrar em especial faixas como ‘Oblivion’ e ‘Ghost of Karelia’.

Quando esperamos algo a relembrar outros registos da banda, ‘The Hunter’ surpreende-nos, por deixar o peso de lado e mostrar-nos uma atmosfera mais melancólica, que certamente irá ser algo que a banda irá tocar nos concertos.

‘Thickening’ é uma faixa que há de soar estranha. Embora os Mastodon sejam uma banda que tem ‘inovação’ como nome do meio, nunca entraram numa estrutura musical semelhante a isto. Só mesmo ouvindo a música é que poderão tirar as vossas conclusões. Inexplicável.

‘Creature Lives’ é outra. Ainda mais estranha. Contamos aqui com coros muito Beatlanos, numa música que será A Peça Estranha dos Mastodon, se assim quiserem chamar.

Bem… vamos voltar ao som típico de Blood Mountain e Leviathan… ‘Spectrelight’ conta com a participação de Scott Kelly (Neurosis), que já participa nos registos da banda desde ‘Leviathan’. Aqui volta, numa música bem mais agressiva que a mencionada, onde Brann Dailor castiga a sua bateria sem misericórdia e os riffs são puramente agressivos.

A finalizar, ‘The Sparrow’, marcada pelo regresso ás texturas mais ambientais, em que nos deitamos num colchão de ambiências acústicas… mas de repente, volta o peso, por pouco tempo. Depois, voltamos a adormecer no conforto das guitarras acústicas.

N.R.: A faixa foi escrita em honra de um amigo próximo da banda que morreu de cancro.

Assim, com este ambiente, termina outro álbum marcante dos Mastodon. Nunca desiludem. Nunca mesmo, e assim, mais um candidato a figurar no top 10 do ano.

Mastodon – A fugir aos rótulos e à normalidade desde 1999.

[9.5/10]

Não é normal que exista um ‘boom’ numa banda que já conta com quase 20 anos de existência. No entanto, os Machine Head são exemplo de como se mete uma fogueira maior, sem ser atirar mais achas que encontram ‘por aí’. A banda liderada por Robb Flynn decidiu colocar logo uma dose de petróleo, que fez com que a fogueira se tornasse quase incontrolável. E assim saiu ‘The Blackening’, aquele que é, pessoalmente, o melhor da banda, e um dos melhores álbuns da década. Actualmente, olhando para trás, dá-se pelos fãs à espera de algo igual ao álbum de 2007. Pois bem… não se pode dizer que os Machine Head superaram as expectativas, porque isso era algo quase impossível de se fazer, mas lançaram este ‘Unto the Locust’, que segue a mesma onda. Maioritariamente (muito) violento, com espaço para partes mais calminhas como guitarras acústicas, e a voz cantada de Robb Flynn e de… crianças! (Já lá vamos).

‘I Am Hell’ – Clenching The Fists of Dissent. O resto das opiniões são com vocês

Sem lugar a dúvidas, ‘Locust’ é O Hino aqui presente, com um refrão daqueles de se gritar a pulmões, e com espaço para tudo e mais alguma coisa.

Musicalmente, é bastante rico, embora a colagem ao antecessor ‘The Blackening’ quase forçada, peque (muito) quando se trata de classificar o álbum em termos de qualidade, e, obviamente, originalidade.

É verdade que os Machine Head não tinham a tarefa facilitada quando se tratava de fazer algo superior ao colosso que foi o lançamento de 2007, mas a teimosia em não sair da fórmula disso, como é exemplo em ‘I Am Hell’ e em ‘Be Still And Know’.

Depois, as tentativas em soar épicos estragaram aquela que podia ser uma das melhores músicas da banda: ‘This Is The End’. A música era fantástica… se cortassem o refrão áquilo. Refrão à Iron Maiden cantado num registo metalcorizado, num álbum de Machine Head… o resultado estranho já é, mas quando compromete por completo a qualidade, aí a coisa muda um bocado… para mau.

Mas há bons momentos, aliás, muito bons! Prova disso é em ‘Pearls Before The Swine’ e na já mencionada ‘Locust’.

Em ‘Darkness Within’, a tentativa de soar colossal, apesar de também não ter resultado tão bem, não incomoda assim tanto. Instrumentalmente, é a melhor do álbum, mas… aquela sensação típica do ‘falta aqui qualquer coisa’ invade-nos frequentemente.

No meio disto, à primeira vez soa fantástico. À segunda, quando se trata de comparar, a coisa decai um bocado. À terceira, quando estão as comparações feitas, isto soa-nos a algo que podia estar muito melhor. Não é desagradável, mas…

 

[6.9/10]

Anthrax – Worship Music

Setembro 7, 2011

Já se sabe que o Big 4 parece estar de volta. Os Metallica anunciam que vão fazer um álbum com Lou Reed, os Megadeth já anunciaram o sucessor de ‘Endgame’. Só os Slayer ainda não falaram da existência de um possível registo que irá suceder ‘World Painted Blood’.

Por outro lado, os Anthrax entraram mais cedo no jogo, e já aí anda ‘Worship Music’, aquele que é o décimo álbum de originais do colectivo liderado pelo carismático Scott Ian.

O que caracteriza os Anthrax é algo simples de se descrever: Música energética, pujante e viciante. E é isso que encontramos neste álbum.

Não é propriamente algo muito inovador, à excepção de ser o único álbum de Anthrax com uma produção super-limpa, algo que não é normal na banda.

Marcado pelo regresso do vocalista Joey Belladonna, temos aqui uma fórmula do mais simples que existe, que pode ser encurtada e chamada só de ‘Classic Anthrax’. Basta ouvir momentos como ‘I’m Alive’, ‘Fight ‘em ‘til you Can’t’ ou ‘The Constant’. Lá mais para o fim temos uma “pequena surpresa”, que desvendarão quando ouvirem este Worship Music

Nada de ‘I’m The Man’. Um bom regresso aos tempos de ‘Among the Living’ ou de ‘State of Euphoria’. Estão em grande forma. Só falta uma passagem por cá.

[7.7/10]

Opeth – Heritage

Setembro 3, 2011

E finalmente consegui aquele que era o lançamento mais esperado por mim para este ano de 2011. O décimo álbum de originais dos Opeth.

Os Opeth deixaram bem claro que isto não ia ser um álbum igual ao resto do catálogo (tirando Damnation, que foi um álbum sem qualquer vestígio de peso musical). E isso tornou este lançamento ainda mais curioso. Bastou olhar para a capa para percebermos que ia existir aqui algo de diferente. Ou então eram os Opeth que podiam estar malucos, mas a primeira afirmação é mais credível.

Ora, comparando com álbuns como ‘Deliverance’ ou ‘My Arms, Your Hearse’, não temos nada que se assemelhe, a não ser o soberbo trabalho instrumental praticado pelos Opeth desde ‘Orchid’, o álbum de estreia.

De resto, não há nada de Death Metal aqui, e não existem músicas que cheguem aos 10 minutos.

‘Heritage’ abre com a faixa-título, uma bela introdução feita por um piano; piano esse tocado por Joakim Svalberg (actual teclista da banda), embora Per Wiberg tivesse gravado os teclados neste álbum.

A seguir, paramos no já conhecido single de avanço, ‘The Devil’s Orchard’, que é a faixa ‘mais directa do álbum’, ou entenda-se que é a que entra mais facilmente. Temos aqui um grande trabalho de todos os membros, com uma produção perfeita e bem heterogénea, onde se é possível ouvir cada pormenor neste trabalho.

O álbum tem várias influências, onde as mais notórias são de King Crimson, Pink Floyd, e… Mastodon, como é o caso da música ‘Slither’, que com ‘The Devil’s Orchard’ fazem as músicas mais ‘fáceis’ deste ‘Heritage’

Também existem momentos de maior harmonia, como é o caso de ‘Nepenthe’ e ‘Haxprocess’, como temos os mellotrons a marcar presença, que se nota em ‘Folklore’.

Realçe-se (de novo) o fantástico trabalho instrumental, e uma prestação muito satisfatória de Martin “Axe”, que faz aqui um trabalho de bateria transcendente, capaz de deixar os melhores bateristas de boca aberta. É verdade que a bateria não tem aqui um peso como em álbuns anteriores dos Opeth, mas quando entra, entra com uma dose de técnica e criatividade invejável.

A terminar, ‘The Marrow of the Earth’, um instrumental bem setentista (diga-se que o álbum em si é uma coisa (muito) mais virada para o Rock Progressivo dos anos 70), que dá por encerrado mais um capítulo bem sucedido na carreira dos Opeth.

Se tivesse de descrever isto num género, diria… Opeth. ‘Heritage’ é mais do que um álbum, é uma prova que os Opeth são uma das, senão a banda mais inovadora da actualidade. Já se torna quase impossível atribuir um género à banda, senão… Opeth. Este álbum transcende barreiras em comparação a qualquer banda actual. É mais do que uma soma de dez faixas. É daqueles discos para se comprar em duas unidades. Uma para guardar, outra para emoldurar. Masterpiece, e outro candidato a álbum do ano.

[9.7/10]