Vêm de França, e trazem consigo o conceito de ‘diferença’ no sentido literal.

Os Deathspell Omega são tomados pelos críticos como Black Metal; porém, esta banda preocupa-se mais em incorporar elementos que soem o mais pestilentos possível, do que fazer Black Metal “à letra”.

‘Paracletus’ é um álbum que foge à normalidade, como é já hábito dos projectos de Black Metal franceses. E o que podemos esperar aqui? Para começar, um baixo distorcido com os níveis de overdrive no máximo, uma dezena de faixas em que a característica mais comum entre elas é a mudança repentina de andamentos. Tanto podemos ter uma estrutura 4/4 como compassos mais jazzy na mesma música, e ainda mais curioso, essas alternâncias são feitas de uma forma tão acertada que acabam por ser a atracção principal do álbum. Podemos presenciar os melhores momentos de ‘Paracletus’ em ‘Wings of Predation’ ou no meio de ‘Abcission’.

A faixa do álbum é algo difícil de escolher, mas em questões de opinião, elejo ‘Phosphene’, que começa com um blastbeat devastador e passado cerca de 1 minuto e meio volta-se à tendência jazzística, e que ainda a seguir, volta à brutalidade num piscar de olhos. E ainda a seguir (…!) temos direito a um momento mais dark. É algo indescritível.

‘Have you Beheld the Fevers?’ é uma música mais catchy pela sua estrutura algo básica, mas que não fica nada atrás em questões de genialidade, das outras faixas do álbum. A fechar, temos ‘Apokatastasis Pantôn’, com o início semelhante a ‘Epiklesis II’, que acaba também por dar um efeito especial e um fecho único a esta peça.

Resumindo, ‘Paracletus’ destaca-se pela sua estranheza, mas que acaba por ser essa estranheza que faz do álbum o que é: desafiante, inovador e, como já é normal nos lançamentos que vêm de França, diferente.

 

[9.1/10]

Ainda não ouviram (bem) este álbum? Se sim, fiquem-se por aturar a review. Se já o ouviram por alto, leiam. Se nunca lhe pegaram sequer, para não considerar uma blasfémia, peço que sigam a simples indicação de não se ficarem a ouvir uma peça destas por alto, pela sua dificuldade em ser realmente descoberta.
Sendo uma banda francesa de Black Metal, já podem esperar algo diferente, e simultaneamente difícil de ingerir na totalidade. Registos como os mais recentes dos Alcest ou dos Deathspell Omega provam isso.

No entanto, este álbum não é descoberto com a mesma dificuldade que os das bandas atrás referidas; é descoberto com uma dificuldade ainda mais desafiante que, atrevo-me a dizer, não é acessível a todos. À primeira é tomado como algo a roçar a monotonia, mas vai crescendo com as audições, e quando cresce na totalidade, torna-se numa obra de arte que se torna ‘aquele álbum para acabar os dias/noites em força’  com bastante frequência.

Ora, antes de mais: Este álbum não pode ser explorado à força e não pode ser ouvido por alto. Ou se ouve isto com atenção no ambiente indicado (numa sala escura, por exemplo) ou isto soar-vos-á como a coisa mais secante que já vos passou pelos ouvidos.

‘Epitome 1’ é o início. Ao sentarem-se a ouvir o álbum, o início em força desta faixa vai ser a forma de vos tirar deste mundo para dar início à viagem sinistra. Imaginem o local onde estão sentados (ou deitados, não interessa…). Até à última parte da primeira faixa, esse será o período em que o vosso chão cai, vocês também e a força de ‘Epitome 1’ será a vossa queda num lugar repleto de escuridão que está por descobrir. Ainda na primeira música, dá-se uma parte mais harmónica lá mais para o final que simboliza quando se apercebem de onde estão. É como se abrissem os olhos e estivessem num local totalmente diferente, sem rumo nem direcção visíveis.

‘Epitome 2’ é uma música mais parada, sem perder a tal sinistralidade típica. Como se estivessem a caminhar nesse local à procura de uma parede ou mesmo de um interruptor para acender a luz, sensação essa que se dá no final da faixa.

No entanto, a tal parede desaparece em ‘Epitome 3’, que volta à brutalidade e à crueza daquele Black Metal mesmo francês, com a clara veia de Avant-Garde. A devastação mantém-se até Epitome 4, que é a faixa mais longa do álbum, sem muito que se lhe diga. Nota-se que as estruturas desta música são mais bizarras, o que contribui para a aura negra e misteriosa que existe no álbum.

Epitome 5 volta à brutalidade, já com umas partes mais progressivas, que se notam a meio da música, com uns vocais cuspidos pelo meio, que acrescentam “evilness” ao momento.

A finalizar, ‘Epitome 6’, com os teclados mais notórios, e sinónimo do fim da viagem ao tal lugar em que só existe escuridão e carga negativa. Um misto de brutalidade com alguma harmonia pelo final. E assim, ao acabar, abrimos os olhos e reparamos que estamos no mesmo lugar de início. Que foi só um pesadelo (sim, porque o que se sente ao ouvir este álbum é tudo menos positivismo); e que voltámos completamente alterados.

‘777 – Sect (s)’ é um álbum que não recomendo a quem gosta só de música de digestão fácil; que é coisa que é 110% antagónica a esta banda.

A quem está disposto a aceitar o desafio de viajar por um lugar perdido, onde só a escuridão e as emoções negativas existem; é um bilhete que não é caro. No entanto, sem garantias que saiam propriamente com um sorriso na cara, pois pelo menos comigo, saí impressionado, confuso e ainda a pensar onde tinha andado, propriamente. O álbum toca, muito. É inegável a genialidade desta banda no que toca a fazer música completamente diferente, e de qualidade inquestionável (para quem percebe). Grandioso.

[9.4/10]

Veio do Norte, mais precisamente da Suécia, e é uma das maiores obras de Black Metal oriundas desse país. Remonta de 1995, e é com orgulho que descubro esta pérola sinistra.

Os Throne of Ahaz são uma banda que opta claramente pelo lado trve da cena (Por acaso não, mas já lá vamos), e isso acrescenta ainda mais atitude à música praticada por este trio de escandinavos.

“Northern Thrones” é a explosão inicial para o ritual bruto que se prolonga pelos seguintes 35 minutos. Está lá tudo; Black Metal (quase) puro: distorção típica das guitarras e do baixo, bateria bem orgânica, vocais rasgados e muito bem cuspidos por Whortael!

São inegáveis as influências de Immortal com toques de Burzum e mesmo do Deathcrush dos Mayhem; mas mesmo assim, os Throne of Ahaz conseguem establecer uma sonoridade própria que se baseia na clara brutalidade nórdica e até no Groove típico de ‘Pure Holocaust’ da banda de Demonaz e Abbath, especialmente em “An Arctic Star of Blackness”.

Também existem teclados q.b. em “A Winter Chant” e a meio da última música, “The Kings that Were…”; factor esse que tira todo o dito trvismo à banda, mas com uma aplicação de outros instrumentos tão boa como esta, que se lixe o trve kvlt!

Black Metal (quase) puro, sem precisar do purismo para se afirmar.

Resumindo, temos aqui um grande álbum de Black Metal escandinavo, sem corantes e (quase) sem conservantes, que deverá certamente fazer salivar os amantes da cena!

[8.4/10]

Nome elementar para qualquer metaleiro que se preze, nem que seja pelo amor-ódio à banda; os Children of Bodom lançam este ano ‘Relentless Reckless Forever’ pela Spinefarm Records.

O que podemos encontrar aqui? Bem… de inovador temos pouco. O álbum segue a fórmula do Melodic Death/Extreme Power Metal que a banda pratica já desde a sua origem, em que os teclados e os leads desafiantes de Alexi Laiho falam claramente mais alto.

Mesmo com pouco conteúdo inovador, o que aqui temos é agradável de se ouvir.’Not My Funeral’ é um exemplo perfeito disso. É Children of Bodom, com a fórmula já saturada, mas é algo que posso chamar mesmo de ‘irresistível’. A seguir, ‘Shovel Knockout’ também traz uma estrutura típica de CoB, sem muito que se lhe diga.

O álbum em si é uma coisa fácil de se digerir. Não precisa de audições muito atentas e repetidas para ser ‘desmascarad0’. É uma luta um bocado inglória meter-se em tal aventura. Temos faixas melhores que outras, sendo as minhas favoritas: “Not My Funeral”, “Ugly” e a faixa-título; O resto é algo também agradável de se ouvir, mas algo que leva facilmente ao enjoo.

Como referi; é um álbum que segue a linha Melodic Death típica dos CoB. Apesar da falta de conteúdo inovador temos aqui um bom álbum, que certamente agrada (sim, porque já saiu há algum tempo) aos fãs da banda e não só. Siga!

[7.0/10]