Férias é sinónimo de mais tempo para ouvir música. Pois bem, hoje fui à minha ‘lista de espera’ e vi este ‘Winds of Creation’ dos lendários Decapitated. Ok… até aqui parece que sou conhecedor da restante discografia da banda. Mentira… naturalmente que já ouvi falar naqueles que com os Vader são os percussores do Death Metal polaco; mas só hoje avancei. Ouvi este que é o seu primeiro álbum, que remonta de 2000, e assim já estou em posição de os chamar de lendários.

O que temos aqui? Death Metal cru, técnico, e bem brutal. Recaindo especialmente no termo técnico, malhas como ‘Blessed’, ‘Human’s Dust’ ou ‘Way to Salvation’ provam nitidamente que os Decapitated são uma clara influência para as bandas de Brutal Death Metal mais actuais. Guitarras completamente moedoras, blastbeats frenéticos Q.B, growls extra-graves são o que fazem este álbum, basicamente. E foi (e ainda é!) isto que lançou os Decapitated para o patamar que ocupam agora. Um álbum de estreia de fazer inveja a muitas bandas, e para meio de Julho está agendado o lançamento do novo álbum: ‘Carnival is Forever’ via Nuclear Blast, que cedeu-nos um preview do que será esta peça de devastação, que podem ver AQUI. Superará a bomba que foi ‘Organic Hallucinosis’? Vamos esperar. Eu, pelo que ouvi, salivo pelo álbum. Até lá vou ouvir… mais Decapitated!

 

[8.2/10]

James ‘The Rev’ Sullivan foi a ausência principal neste álbum. Faleceu, como é de senso comum a qualquer pessoa que goste (e até quem não goste) dos Avenged Sevenfold. Essa morte é foi a causa do preconceito à banda com o qual vivi até há bem pouco tempo. É chato, de facto, ter de levar com a história de que o ‘The Rev’ era um deus; tudo isto por causa da sua morte. Lamenta-se isso? Claro. Mas o legado que ele deixou, pelos vistos não foi o melhor.

Assim, depois disso, comecei a explorar a banda. Ouvi as suas peças de Metalcore como o primeiro álbum, e ouvi o desvio da banda para o Hard Rock; desvio esse que apesar de chocante, não foi necessariamente mau. Com isso se criaram álbuns bons como ‘City of Evil’ e este último ‘Nightmare’ (não acho lá grande piada ao álbum homónimo…).

Portanto, uns dizem que o The Rev morreu, e com isso a banda perdeu poder. Eu acrescento que o The Rev morreu, a banda perdeu poder,  e fizeram o melhor álbum da carreira deles. É isto. O Nightmare está um álbum que após mais umas três ou quatro audições entra bem, e de que maneira! Que perdeu poder? Perdeu. Mas neste álbum, isto só é bom.

‘Nightmare’ começa com a tal faixa título. É boa. Sem tirar nem pôr. Nota-se bem a presença de Mike Portnoy na bateria, especialmente no início. (Para os que não sabem, o ex-baterista dos Dream Theater foi músico de sessão neste álbum)

O álbum segue uma estrutura de 50/50; isto é, metade mais pesado, metade mais brando. Em ambas as metades encontramos grandes registos como ‘Danger Line’ ou ‘Victim’ (O solo final é só o melhor de Synyster Gates em toda a sua carreira nos Sevenfold). A voz de M. Shadows está, no geral, num registo cantado devido à tal cirurgia nas cordas vocais do vocalista. Sem nada a apontar. Guitarras, aprovadíssimas; leads e solos contagiantes. E ainda existe espaço para uma balada um bocadinho mais comercial, ‘So Far Away’, a mais suave e também tocante.

A finalizar, ‘Save Me’. Onze minutos. É progressiva, sem muito mais a dizer.

‘Nightmare’ é o melhor álbum dos Avenged Sevenfold até à data. Composição excelente, há ali letras um bocado “meh…” (Como na faixa título: “Oh! It’s your fucking nightmare!”). No entanto, temos em Victim uma das melhores letras da banda até à data.

 

Uns chamam-lhes vendidos. Eu chamo-os de inovadores. Dá gosto ouvir isto!

 

[8.3/10]

Depois de ‘Deflorate’, os The Black Dahlia Murder lançam dia 17 de Junho, pela Metal Blade, ‘Ritual’. A banda de Trevor Strnad não pára!
Através do tal célebre meio ilícito de obtenção de música, tive o privilégio de ouvir o álbum mais cedo.
‘Ritual’ começa bastante bem, com ‘A Shrine to Madness’, com um riff inicial a lembrar um bocado a sonoridade do antecessor ‘Miasma’, com a típica alternância de vocal gritado para gutural, de Trevor.
A seguir, o single já lançado como amostra de ‘Ritual’, ‘Moonlight Equilibrium’, a dar a prova nítida que os TBDM conseguem sempre ter algo de novo na sua música, em que os leads de Ryan Knight se destacam pela sua perfeição em cada música em que são empregues, e que são a principal magia na banda.
‘Conspiring With the Damned’ tem um começo explosivo, completamente! O berro inicial de Strnad dá início a mais um início brutal, embora a música tenha a sua parte harmónica lá mais para o meio. Boa faixa.
‘Carbonized in Cruciform’ é um dos momentos do álbum; simplesmente fantástica a composição! Começa com uma guitarra acústica, e de seguida, volta a devastação característica da banda americana (e com mais um solo venerável de Knight). A terminar, um piano, que só dura uns cinco segundos. Simplesmente brilhante.
‘Den of the Picquerist’ é a mais curta faixa do álbum, com uma introdução simplesmente matadora, com Ryan Williams a ter o seu tempo de antena. Curto, muito curto, mas muito destruidor.
‘Malenchanments of the Necrosphere’, já dá mais espaço aos breakdowns, com uma sonoridade mais aproximada de ‘Nocturnal’ (2009)
Mais uma vez, nota-se o cheiro a ‘Miasma’ na faixa seguinte: ‘The Grave Robber’s Work’. No entanto, continua a ser bom, o lead mágico de Ryan faz toda a diferença aqui.
‘The Raven’, já tem um refrão mais orelhudo. Mais uma vez, os TBDM no seu mais puro estado, criatividade a 110%!
A fechar o álbum, ‘Blood in the Ink’, também com a essência característica da banda, sem muito mais a acrescentar.
Resumindo, temos aqui um álbum simplesmente… fantástico! O destaque é evidente, está nas guitarras. O guitarrista Ryan Knight não brinca, e voltou a provar isso em ‘Ritual’. Está tudo de parabéns! Siga o próximo e o concerto deles em Corroios, em Julho! Fantástico!
[9.3/10]


Poder. É uma coisa que, felizmente, em Portugal, a nível de Metal não falta. Há um vasto leque de bandas que dão a confirmar essa ideia, e os Head:Stoned juntam-se à causa com um álbum de estreia a roçar a perfeição.

O que encontramos em ‘I am All’ é uma sonoridade principalmente thrashy com contornos de Heavy/Power, com uma dose curta de Metal Progressivo pelo meio. Em linguagem corrente, isto traduz-se em Nevermore, mas há qualquer coisa nos Head:Stoned que os faz traçar a sua própria sonoridade.

‘Through All the Doubts” é uma música de abertura 200% pujante. Perfeita para os concertos! a voz de Vítor Franco faz lembrar nitidamente a de Warrel Dane. Fica perfeita para o som da banda.

As guitarras estão numa afinação mais grave, com uns solos a fazer lembrar a técnica de Jeff Loomis, como é exemplo em ‘Absence of Closure’, ou nos riffs principais, como em ‘Hope Lies Dead’.

‘I am All’, é a faixa de fecho. Perfeita.

A banda consegue traçar a sua própria identidade; tem potencial para tocar no estrangeiro, embora existam milhentos obstáculos a isso; e tem um álbum de estreia com uma produção perfeita, com as suas influencias bem traçadas, sem muito mais a dizer.

 

[7.8/10]

Banda nacional de Thrash/Hardcore, os Switchtense brindam-nos com o álbum homónimo, que sucede ‘Confrontation of Souls’, de 2009.

O que esperar daqui? Nada de muito diferente, a sonoridade característica da banda da Moita com um cheiro bem notório de Lamb of God, a aproximar-se muito da dita ‘New Wave of American Metal’.

Na maioria dos casos, os álbuns homónimos são sinal de falta de criatividade por parte das bandas; no entanto, com os Switchtense está longe de ser assim. Temos aqui 12 faixas sólidas, devastadoras e desafiantes!

Exemplos? Tudo. No entanto, existe qualquer coisa de especial em faixas como: ‘Unbreakble’, ‘Living a Lie’, ‘Head of State’ ou ‘Scars of Attitude’.

Agressividade e garra são as palavras que melhor caracterizam os Switchtense! Em Portugal existem bastantes bandas com uma sonoridade bem vincada e até um bocado semelhante, como é o exemplo dos Switchtense para os WAKO, por exemplo; mas quando são essas duas bandas a assumir o pioneirismo dessa musicalidade (No caso dos WAKO trata-se mais de Death/Thrash, mas mesmo assim, noto grandes semelhanças entre ambas as bandas), trata-se de algo venerável. E com The Road of Awareness da banda de Almeirim, temos aqui já outro concorrente a álbum nacional do ano. Espreite-se o dos Corpus Christii daqui a pouco!

[7.8/10]

 

Após 16 anos sem participações em estúdio com o fundador David Vincent, os Morbid Angel lançam ‘Illud Divinum Insanus’.

Os Morbid Angel, para quem não sabe, são a minha banda de Death Metal (puro e old school) favorita, e era com uma enorme ansiedade que esperava por este álbum.

Acontece que consegui ouvi-lo antes do lançamento oficial (Que se dá dia 7 de Junho) através de ‘métodos menos lícitos’ e… cá estou eu a escrever a review!

Bem… este álbum,  é o menos Death Metal que os Morbid Angel alguma vez fizeram. Existe boa música, sem dúvida, mas existem faixas que embora tenham a sua grande qualidade, não são Death Metal, e algumas nem Metal são. Longe de ser más, temos aqui andamentos e sons que apontam claramente para o Industrial.

De início, temos ‘Omni Potens’, uma introdução simplesmente poderosa! A seguir, decaem as expectativas… ‘Too Extreme!’ deixa de lado o talento notável de Tim Yeung (baterista que substitui Pete Sandoval, sendo que este não gravou o álbum devido a uma cirurgia nas costas.) e apresenta uma bateria que parece ter passado por vários computadores durante o processo de produção… não é uma má música, mas deixa muito a desejar…

De seguida, ‘Existo Vulgoré’, já nos dá Death Metal daquele bem característico dos Morbid Angel com os leads típicos de Trey Azagthoth. O mesmo se dá com ‘Blades for Baal’ a fazer lembrar o tão antémico ‘Altars of Madness’ e ‘I Am Morbid’, , onde se nota a da onda mais alternativa. No entanto está uma faixa muito boa.

’10 More Dead’, tem um cheiro a Carcass, nomeadamente da fase Heartwork.

‘Destructos vs The Earth/Attack’ volta à estrutura monótona, com um cheiro já irritadiço do tal Industrial e tem uma duração perfeitamente dispensável. Má.

‘Nevermore’, a tal conhecida há anos antes do lançamento deste álbum! Está ‘à-la-Morbid Angel’, potente, pujante, como se quer!

‘Beauty Meets Beast’ está apontada para os lados de ‘Blessed Are The Sick’, também sem muito que lhe diga, está boa!

‘Radikult’ – a faixa mais enigmática do álbum. Industrial a 90%, com um início quase pop, mas é uma música que apesar de tudo, puxa logo para o headbang. Dará que falar. Depois de ‘Nevermore’ é a minha faixa favorita, curiosamente.

O final, é… mau. ‘Profundis – Mea Culpa’ é uma faixa da qual não gosto, mas acho que pelo menos os Morbid Angel têm a noção do que terão certamente de fazer quando chegarem as críticas (maioritariamente negativas) a ‘Illud Divinum Insanus’: um mea culpa aos fãs; que apesar de eu gostar de algumas das faixas não-Death-Metal por ser uma pessoa com mentalidade aberta, isto não se faz!

Compensa as faixas que são realmente Death Metal e o selo dos Morbid Angel. Deixa um (grande) vazio a pairar pelo ar…

[6.8/10]

Uma banda que opta por manter o anonimato em relação à identidade dos membros, os Ghost, antes que tudo são uma banda que de normal não tem… nada!

Os Ghost são uma banda de Heavy/Doom sueca que mescla elementos do Heavy dos anos 70 na onda de uns Black Sabbath.
Com uma sonoridade simples, a banda faz “Rock Satânico”; que curiosamente, é o termo que se adapta melhor à sonoridade/letras do colectivo.

É algo engraçado, pois os Ghost  ‘cospem blasfémias’ sem se meterem no cliché do Black Metal para o fazer.

É com a maior calma com que cantam palavras como ‘Lucifer’ (em ‘Con Clavi Con Dio’) ou ‘Antichrist’, e isso faz de Opus Eponymous algo ainda mais curioso.

Mas indo à musicalidade: Rock na onda de Black Sabbath, com um baixo distorcido q.b., riffs bem apetitosos, teclados que servem como pano de fundo para o ambiente do álbum e uns vocais algo… não sei, “pouco usuais”, mas que não deixam de encaixar muito bem nesta proposta!

Ainda para mais, temos refrões super-orelhudos, em ‘Ritual’, ‘Elizabeth’ e ‘Stand by Him’, que juntam ainda mais qualidade ao disco

Não tem muito que se lhe diga. Para fãs de Candlemass e de Black Sabbath, esta será certamente uma proposta salivante de uma banda que mantém a atitude trve sem fazer Black Metal, para os que me entendem. Satanismo, um bom Rock, e uma meia-hora bem passada são os termos que melhor descrevem ‘Opus Eponymous’!

[8.6/10]