Mastodon – The Hunter

Setembro 19, 2011

Mastodon – uma palavra elementar em qualquer apreciador de música pesada. Não por agradar a todos (porque é falso), mas por ser uma banda que escapa a rótulos, e quando é apanhada pelos tais, não facilita a tarefa a quem os atribui. Um género único que a banda tem vindo a praticar desde ‘Remission’, de 2002.

Ora, estamos em 2011, com os Mastodon a anunciarem o seu quinto longa-duração de originais, com três singles de avanço, cada um desses singles com a sua marca. ‘Black Tongue’ lembra os tempos de ‘Leviathan’, enquanto ‘Spectrelight’ remonta para 2006 (Blood Mountain)… e ainda temos ‘Curl of the Burl’, uma faixa a apontar mais para… a Pop!

Ora, o álbum tem treze músicas. Cada uma delas com a sua imagem de marca.

Exemplo disso, ‘Blasteroid’, que apresenta uns Mastodon que entram por um lado mais agressivo. Uma música rápida, breve e bem directa. Provavelmente a mais ‘in your face’ do álbum.

Encontramos ambientes mais ‘espaciais’ a relembrarem ‘Crack The Skye’, o mítico álbum de 2009; ‘Stargasm’ apresenta texturas a lembrar em especial faixas como ‘Oblivion’ e ‘Ghost of Karelia’.

Quando esperamos algo a relembrar outros registos da banda, ‘The Hunter’ surpreende-nos, por deixar o peso de lado e mostrar-nos uma atmosfera mais melancólica, que certamente irá ser algo que a banda irá tocar nos concertos.

‘Thickening’ é uma faixa que há de soar estranha. Embora os Mastodon sejam uma banda que tem ‘inovação’ como nome do meio, nunca entraram numa estrutura musical semelhante a isto. Só mesmo ouvindo a música é que poderão tirar as vossas conclusões. Inexplicável.

‘Creature Lives’ é outra. Ainda mais estranha. Contamos aqui com coros muito Beatlanos, numa música que será A Peça Estranha dos Mastodon, se assim quiserem chamar.

Bem… vamos voltar ao som típico de Blood Mountain e Leviathan… ‘Spectrelight’ conta com a participação de Scott Kelly (Neurosis), que já participa nos registos da banda desde ‘Leviathan’. Aqui volta, numa música bem mais agressiva que a mencionada, onde Brann Dailor castiga a sua bateria sem misericórdia e os riffs são puramente agressivos.

A finalizar, ‘The Sparrow’, marcada pelo regresso ás texturas mais ambientais, em que nos deitamos num colchão de ambiências acústicas… mas de repente, volta o peso, por pouco tempo. Depois, voltamos a adormecer no conforto das guitarras acústicas.

N.R.: A faixa foi escrita em honra de um amigo próximo da banda que morreu de cancro.

Assim, com este ambiente, termina outro álbum marcante dos Mastodon. Nunca desiludem. Nunca mesmo, e assim, mais um candidato a figurar no top 10 do ano.

Mastodon – A fugir aos rótulos e à normalidade desde 1999.

[9.5/10]

Não é normal que exista um ‘boom’ numa banda que já conta com quase 20 anos de existência. No entanto, os Machine Head são exemplo de como se mete uma fogueira maior, sem ser atirar mais achas que encontram ‘por aí’. A banda liderada por Robb Flynn decidiu colocar logo uma dose de petróleo, que fez com que a fogueira se tornasse quase incontrolável. E assim saiu ‘The Blackening’, aquele que é, pessoalmente, o melhor da banda, e um dos melhores álbuns da década. Actualmente, olhando para trás, dá-se pelos fãs à espera de algo igual ao álbum de 2007. Pois bem… não se pode dizer que os Machine Head superaram as expectativas, porque isso era algo quase impossível de se fazer, mas lançaram este ‘Unto the Locust’, que segue a mesma onda. Maioritariamente (muito) violento, com espaço para partes mais calminhas como guitarras acústicas, e a voz cantada de Robb Flynn e de… crianças! (Já lá vamos).

‘I Am Hell’ – Clenching The Fists of Dissent. O resto das opiniões são com vocês

Sem lugar a dúvidas, ‘Locust’ é O Hino aqui presente, com um refrão daqueles de se gritar a pulmões, e com espaço para tudo e mais alguma coisa.

Musicalmente, é bastante rico, embora a colagem ao antecessor ‘The Blackening’ quase forçada, peque (muito) quando se trata de classificar o álbum em termos de qualidade, e, obviamente, originalidade.

É verdade que os Machine Head não tinham a tarefa facilitada quando se tratava de fazer algo superior ao colosso que foi o lançamento de 2007, mas a teimosia em não sair da fórmula disso, como é exemplo em ‘I Am Hell’ e em ‘Be Still And Know’.

Depois, as tentativas em soar épicos estragaram aquela que podia ser uma das melhores músicas da banda: ‘This Is The End’. A música era fantástica… se cortassem o refrão áquilo. Refrão à Iron Maiden cantado num registo metalcorizado, num álbum de Machine Head… o resultado estranho já é, mas quando compromete por completo a qualidade, aí a coisa muda um bocado… para mau.

Mas há bons momentos, aliás, muito bons! Prova disso é em ‘Pearls Before The Swine’ e na já mencionada ‘Locust’.

Em ‘Darkness Within’, a tentativa de soar colossal, apesar de também não ter resultado tão bem, não incomoda assim tanto. Instrumentalmente, é a melhor do álbum, mas… aquela sensação típica do ‘falta aqui qualquer coisa’ invade-nos frequentemente.

No meio disto, à primeira vez soa fantástico. À segunda, quando se trata de comparar, a coisa decai um bocado. À terceira, quando estão as comparações feitas, isto soa-nos a algo que podia estar muito melhor. Não é desagradável, mas…

 

[6.9/10]

Anthrax – Worship Music

Setembro 7, 2011

Já se sabe que o Big 4 parece estar de volta. Os Metallica anunciam que vão fazer um álbum com Lou Reed, os Megadeth já anunciaram o sucessor de ‘Endgame’. Só os Slayer ainda não falaram da existência de um possível registo que irá suceder ‘World Painted Blood’.

Por outro lado, os Anthrax entraram mais cedo no jogo, e já aí anda ‘Worship Music’, aquele que é o décimo álbum de originais do colectivo liderado pelo carismático Scott Ian.

O que caracteriza os Anthrax é algo simples de se descrever: Música energética, pujante e viciante. E é isso que encontramos neste álbum.

Não é propriamente algo muito inovador, à excepção de ser o único álbum de Anthrax com uma produção super-limpa, algo que não é normal na banda.

Marcado pelo regresso do vocalista Joey Belladonna, temos aqui uma fórmula do mais simples que existe, que pode ser encurtada e chamada só de ‘Classic Anthrax’. Basta ouvir momentos como ‘I’m Alive’, ‘Fight ‘em ‘til you Can’t’ ou ‘The Constant’. Lá mais para o fim temos uma “pequena surpresa”, que desvendarão quando ouvirem este Worship Music

Nada de ‘I’m The Man’. Um bom regresso aos tempos de ‘Among the Living’ ou de ‘State of Euphoria’. Estão em grande forma. Só falta uma passagem por cá.

[7.7/10]

Opeth – Heritage

Setembro 3, 2011

E finalmente consegui aquele que era o lançamento mais esperado por mim para este ano de 2011. O décimo álbum de originais dos Opeth.

Os Opeth deixaram bem claro que isto não ia ser um álbum igual ao resto do catálogo (tirando Damnation, que foi um álbum sem qualquer vestígio de peso musical). E isso tornou este lançamento ainda mais curioso. Bastou olhar para a capa para percebermos que ia existir aqui algo de diferente. Ou então eram os Opeth que podiam estar malucos, mas a primeira afirmação é mais credível.

Ora, comparando com álbuns como ‘Deliverance’ ou ‘My Arms, Your Hearse’, não temos nada que se assemelhe, a não ser o soberbo trabalho instrumental praticado pelos Opeth desde ‘Orchid’, o álbum de estreia.

De resto, não há nada de Death Metal aqui, e não existem músicas que cheguem aos 10 minutos.

‘Heritage’ abre com a faixa-título, uma bela introdução feita por um piano; piano esse tocado por Joakim Svalberg (actual teclista da banda), embora Per Wiberg tivesse gravado os teclados neste álbum.

A seguir, paramos no já conhecido single de avanço, ‘The Devil’s Orchard’, que é a faixa ‘mais directa do álbum’, ou entenda-se que é a que entra mais facilmente. Temos aqui um grande trabalho de todos os membros, com uma produção perfeita e bem heterogénea, onde se é possível ouvir cada pormenor neste trabalho.

O álbum tem várias influências, onde as mais notórias são de King Crimson, Pink Floyd, e… Mastodon, como é o caso da música ‘Slither’, que com ‘The Devil’s Orchard’ fazem as músicas mais ‘fáceis’ deste ‘Heritage’

Também existem momentos de maior harmonia, como é o caso de ‘Nepenthe’ e ‘Haxprocess’, como temos os mellotrons a marcar presença, que se nota em ‘Folklore’.

Realçe-se (de novo) o fantástico trabalho instrumental, e uma prestação muito satisfatória de Martin “Axe”, que faz aqui um trabalho de bateria transcendente, capaz de deixar os melhores bateristas de boca aberta. É verdade que a bateria não tem aqui um peso como em álbuns anteriores dos Opeth, mas quando entra, entra com uma dose de técnica e criatividade invejável.

A terminar, ‘The Marrow of the Earth’, um instrumental bem setentista (diga-se que o álbum em si é uma coisa (muito) mais virada para o Rock Progressivo dos anos 70), que dá por encerrado mais um capítulo bem sucedido na carreira dos Opeth.

Se tivesse de descrever isto num género, diria… Opeth. ‘Heritage’ é mais do que um álbum, é uma prova que os Opeth são uma das, senão a banda mais inovadora da actualidade. Já se torna quase impossível atribuir um género à banda, senão… Opeth. Este álbum transcende barreiras em comparação a qualquer banda actual. É mais do que uma soma de dez faixas. É daqueles discos para se comprar em duas unidades. Uma para guardar, outra para emoldurar. Masterpiece, e outro candidato a álbum do ano.

[9.7/10]

 

Supostamente sai a 13 de Setembro, mas como o “mercado” tem (quase) tudo antes do tempo, eu aproveitei e… ouvi aquele que é o novo álbum dos Dream Theater.

A principal preocupação deste trabalho é a questão: “O que será que a ausência de Portnoy alterou na banda?” Bem… já lá vamos…

Começa-se com ‘On The Backs of Angels’, o single já disponibilizado desde finais de Junho. O início deixa um bocadinho a desejar, mas quando chegamos ao solo de John Petrucci, já vale a pena ouvir a música por si só.

De seguida, ‘Build Me Up, Break Me Down’ é… Dream Theater, sem tirar nem pôr. Uma faixa de sete minutos, com um refrão catchy, que é considerada uma faixa… “simples”, digamos assim, neste álbum.

A partir da terceira faixa, já estamos a entrar em Dream Theater com a palavra genuínos. Onze minutos a fazer lembrar os tempos de Train of Thought; faixa essa de nome ‘Lost Not Forgotten’.

A seguir, uns épicos 7 minutos de uma… balada? Nem sei como chamar. Mas é possivelmente a melhor música pré-10-minutos, chamemos assim, deste ‘A Dramatic Turn of Events’ – ‘This is The Life’

Após esse momento, ‘Bridges in the Sky’ tem uma introdução um bocado estranha, que só é realmente pujante pela introdução feita pela guitarra. A estrutura é um bocado monótona para onze minutos, e se a banda cortasse um bocadinho na duração, éramos capazes de ter aqui algo bem mais interessante. Se existe um momento menos bom no álbum, é nesta música.

Depois vem ‘Outcry’, e é aí que a história muda por completo. Aqui encontra-se de tudo, e cada músico tem um momento de destaque. Até John Myung tem a oportunidade de mostrar uns momentos de destaque com o baixo. Petrucci está impecável e Jordan Rudess cumpre o seu trabalho igualmente bem.

A faixa mais curta do álbum vem a seguir – ‘Far From Heaven’. Momento de destaque para a voz harmónica de James LaBrie. Sem muito mais a dizer. É um momento bonito, assim dizendo.

Muitos dizem que John Myung esconde-se… pois bem, as letras da música seguinte – ‘Breaking All Ilusions’ – são compostas por ele. E assim faz mais uma grande música, embora também sem muito a acrescentar. Só mesmo ouvindo.

A fechar – ‘Beneath The Surface’. Sem bateria e baixo, só guitarra e teclados… e a voz, claro! Muito sublime, fecha este ‘A Dramatic Turn of Events’ de forma… espectacular!

Bem… respondendo à pergunta alusiva a Portnoy: Se estes são os Dream Theater sem o baterista fundador, a banda continua muito bem de saúde. Mike Mangini é sem dúvida um excelente baterista e que assume aqui o papel de forma brilhante.

E estes são os Dream Theater. Sem tirar nem pôr.

[8.8/10]